( A partir de um poema de Maria do Rosário Pedreira, in “Jornal de Letras”, 17/30 de Abril)
“Ai, se o menino soubesse que
era ainda nele e nas suas brincadeiras que
pensava quando agachada ali, diante de um
estranho, abria a boca e fechava os olhos.”
Criaste dentro de ti o Futuro
Chamas-lhe o meu menino
E nos teus olhos cintilam mil alegrias
Quando falas do teu menino.
Mas hoje o teu olhar é tenso e duro
A alegria emigrou para parte incerta
O teu menino é tudo e apenas o que te importa
Nada mais conta em nada mais crês.
Vais em frente alheia aos dedos acusadores
Os olhares que te excluem nada te dizem
Exiges-te cumprir o teu compromisso com o Futuro
A nada a ninguém mais respondes.
Mas à noite sozinha
Choras lágrimas violentas
Calas revoltas infinitas
Sentes-te no mais abjecto dos abismos.
NÃO, Mulher-Mãe, não chores
Ergue-te! De pé humilharás
Aqueles que, indignos, te usam o corpo
Aqueles que, criminosos, te roubaram a esperança.
NÃO, Mulher-Mãe, não chores
A tua luta é a luta de milénios
Contra quem te quer domesticada
Contra quem te quer simples coisa.
NÃO, Mulher-Mãe, não chores
Diz-te Mulher e Estás Vertical e Inteira
Diz-te Mulher e És Livre e Solidária
Diz-te Mãe e é teu o Futuro!
Eu, Mulher-Mãe, sinto-me pequenino
Diante da Coragem com que cumpres o teu compromisso
Diante da Firmeza com que trocas o teu terrível presente
Pela defesa da Dignidade do teu menino.
Eu, Mulher-Mãe, sinto-me pequenino
E rendo-me incondicionalmente me rendo
À Nobreza sem mácula da tua Humanidade!
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