domingo, 23 de junho de 2013

O Meu Testemunho


Não sou professor. Mas, como director do Centro Naval de Ensino a Distância, trabalhei com dezenas de professores e professoras: um privilégio meu, que me honra, e de que não abdico.
Durante cinco anos e meio pude constatar que deram o seu melhor para cumprirem a sua missão - Ensinar. E fizeram-no com sucesso indesmentível, reconhecido interna e externamente, a nível nacional e a nível internacional.
Houve falhas, erros, dúvidas, contradições? Sem dúvida, a começar pelas minhas. Mas os professores sempre souberam superá-las, ultrapassá-las, com um desempenho consistentemente elevado. Sim, porque só os idiotas e os canalhas, não falham, não erram, não têm dúvidas, não têm contradições.
Participei na manifestação de ontem, no meio de muitos milhares de professores. E constatei, mais uma vez, a Dignidade e a Verticalidade que os professores colocam na defesa da Educação e da Escola Pública. E pude confirmar que os professores estão bem conscientes de que a luta que travam vai muito para além dos aspectos apenas profissionais, por mais relevantes que os sintam, e o sejam de facto.
É uma luta pela Cidadania de corpo Inteiro, Vertical e Livre, onde o medo e a subserviência não tenham lugar, onde todos sejamos capazes de entender e de reconhecer, em palavras e actos concretos, que o Outro exige o direito de ver, e sentir, a sua diferença, qualquer que ela seja, respeitada em toda a sua Dignidade.
José Saramago disse que "O heróico num Ser Humano é não pertencer a nenhum rebanho".
Bertrand Russell disse que "Uma atitude de obediência, quando exigida aos subordinados, é hostil à inteligência".
A luta dos professores faz destas palavras princípios orientadores da sua acção perante, mas sobretudo com, os seus alunos.
Exactamente o oposto do que é desígnio político deste governo: "coisificar" um povo inteiro, banindo a Inteligência e reduzindo-nos a um rebanho de "seres" acríticos, acéfalos, anómalos, servindo-se de todos os meios para alcançar esse fim, em particular humilhando, ofendendo e chantageando os professores.
Por mim, aqui fica o meu testemunho: OBRIGADO, PROFESSORES

A Política da Idiotia como Ideologia Política Ou uma Nova Receita para um Genocídio


Ah! Povo, Povo, como te atreves a incomodar-nos?
Tens novecentos anos de vida, Povo!
Não é já tempo de deixares a Idade dos Porquês?
Repara, Povo, na pesada quantidade de Porquês?
Com que feres os nossos delicados tímpanos:
"Dizes, governante, que a crise é uma emergência nacional.
Mas sou eu, Povo, a suportá-la sozinho! Porquê?"
"Gritas, governante, que devemos curvar-nos à amoralidade dos mercados.
Mas sou só eu, Povo, que tenho que me comportar bem! Porquê?"
"Exclamas, governante, que a hora é de unirmos esforços.
Mas sou só eu, Povo, que sinto eu mim as divisões que tu impões! Porquê?"
"Exaltas, governante, os compromissos que são para cumprir.
Mas sou só eu, Povo, que vejo rasgares todos os teus compromissos para comigo! Porquê?"
"Ameaças, governante, fazer leis para que os teus desígnios sejam obrigatórios.
Mas sou só eu, Povo, que cumpro todas as leis existentes! Porquê?"
"Invectivas, governante, que estamos a caminhar para um futuro melhor.
Mas sou só eu, Povo, que todos os dias sou empurrado para o pior do passado! Porquê?"
"Reclamas, governante, a urgência do conhecimento e da qualificação.
Mas sou só eu, Povo, que, sabedor, sou mandado emigrar! Porquê?"
"Insistes, governante, que todos somos iguais.
Mas sou só eu, Povo, que, velho, sou apontado como um peso descartável! Porquê?"
"Tantos porquês! Não respondo!", vocifera o Supremo Líder
Fechando soturnamente o fácies cavernoso.
"Corte-se, corte-se tudo, já, custe o que custar!", explode com veemência o Primeiro governante.
"Calma!", proclama o bipolar Segundo (ou Terceiro...) governante
Lembrando que "os amigos gostam pouco de sangue" pelo incómodo nefasto que provoca na acção do Terceiro (ou Segundo...) governante
E que "os inimigos ainda menos" alerta com receio de mais e mais Porquês
"Uma autêntica tragédia para o nosso governo", sentencia.
"Chamemos o educacional colega, terá alguma proverbial solução."
"E tenho!" gesticula impante o educacional colega.
"Decrete-se, com força de lei e se necessário mais força que lei:
Não há quês nem porquês nas Escolas! E assim "custe o que custar"
O Povo ficará
Docilmente acrítico acéfalo anómalo
Domesticado
E sem Porquês!"
Serve-se em uma nova Constituição
"Artigo Único - O governo elege o povo.

“Achismos” e Ingenuidades

Lembro-me de, em brincadeiras de crianças, quando queríamos saber de que lado soprava o vento, molhávamos o indicador, espetávamo-lo no ar, e dizíamos "Acho que vem dali". Às vezes acertávamos, outras não. O actual ministro das finanças parece praticar, denodadamente, esta brincadeira, levando-a a sério: "Acho que esta previsão é que vai dar certo"; "Acho que foi a chuva que impediu o investimento". Praticada a um tão alto nível - o da governação de um País - é pertinente concluir estar perante uma nova filosofia política: o "Achismo". Vem isto a propósito de o líder do Partido Socialista ter afirmado, com profunda convicção, que a dívida de Portugal é para pagar na sua totalidade. E apresentou razões ponderosas a sustentar essa convicção, entre as quais relevou a imprescindível credibilidade do País perante os credores e outros actores internacionais. "Acho" bem! E porque considero o líder do Partido Socialista uma pessoa inteligente, coerente, credível, dei por mim a "achar" que ele, logo que seja eleito em futuras eleições legislativas e tome posse como primeiro-ministro, devolverá, de imediato e a bem da imprescindível credibilidade da governação, a todos os pensionistas e reformados, todo o dinheiro que o actual governo lhes anda a roubar. "Acho" bem! Ou "achava", até que fui confrontado com a notícia de que o líder do Partido Socialista vai à próxima reunião do Grupo Billderberg. Por que deixei de "achar"? Porque o primeiro compromisso é uma exigência daquele grupo (e de outros semelhantes), e foi assumido pelo líder do Partido Socialista como "chave" para participar na reunião. Porque o segundo compromisso é absolutamente rejeitado pelos mesmos grupos (seria um precedente subversivamente gravíssimo contra os seus interesses!) e, portanto, é inviável ao líder do Partido Socialista assumi-lo. Dirá mais tarde, e muito convictamente, "Não há alternativa!". Aqui chegados, uma conclusão surge: depois de há alguns anos o
grande líder do Partido Socialista ter "metido o socialismo na gaveta", o actual líder do mesmo partido apresenta-nos, de forma inteligente, coerente e credível, a sua escolha política convictamente assumida: a Democracia a que Portugal tem direito é a democracia de alterne. De alterne, sim, porque a promiscuidade das relações políticas, financeiras e económicas navega num oceano de euros, onde a impunidade - de roubar os cidadãos, p. ex. - é factor determinante do ADN político de qualquer "governante" pertencente a um qualquer "arco de governabilidade". Definitivamente, já não há espaço, nem tempo, para "achismos". Nem - muito menos! - para ingenuidades!